segunda-feira, 14 de setembro de 2020

Máquina Delirante Gato-Rato













mente-gato:

a paisagem é plástica, colorida;

cubos de almofada

de faces coloridas

com letras e números

pequenos fios pendentes dançando ao vento

um chão carpetado,

afiadores de garra

buracos semicírculo no rodapé

o mundo é um playground

e as pequenas coisas se movem

capturando, fascinando,

o gato em um transe sádico.


mente-rato:

mente-presa

rápido fugir; 

descer entre os canais

esgueirando-se, apequenando-se

o mundo é um transe paranóico

focinho que estremece eletricamente

do nada surge, bagos crescendo até explodir

rápido se foi. e são seus filhos,

e os filhos dos filhos

continuando o estalar por aí.


é preciso levar ambos em conta

para que possamos produzir

um


MANIFESTO-AUTOMÁTICO:

segunda-feira, 10 de agosto de 2020

As plantas na astrologia



Todas as coisas na terra são regidas pelos 7 planetas; não é muito diferente com as plantas. Não existe muito consenso na tradição astrológica sobre qual planta pertence a qual planeta, problema que se compõe com o fato de que uma mesma planta pode estar sob a regência de dois ou mais planetas diferentes. 

Plantas jupiterianas costumam ter um porte majestoso e grandes, de galhos grossos, como o carvalho; as folhas tendem a ser mais gordinhas; tem um cheiro doce e fresco, sofisticado - como o hortelã; mas menos doce que as de Vênus.

Plantas de Vênus tem flores bonitas, de cheiro doce e frutado, ou que produzem frutas muito doces; suas plantas não costumam ter folhas serrilhadas ou espinhos, mas há exceções, como a rosa.

Sol e Lua pegam aromas que são refinados, mas não são doces como os de Vênus e Júpiter. Um exemplo é o Alecrim, que foi associado a ambos os luminares. O Sol é mais ligado a plantas resinosas ou que aguentam bastante Sol, e de características estimulantes (como a canela) ou purgantes. As da Lua tendem a ser esbranquiçadas ou terem leite; podem ser plantas que crescem em locais úmidos, como a beira de rios, e dão flores brancas, ou frutos em forma de crescente.

As plantas de Mercúrio tem folhas pequenas e múltiplas, ou frutos e sementes pequenos e múltiplos. Algumas de suas ervas são temperos (salsa, manjerona...): tem cheiros marcantes, pungentes, mas sem a doçura dos benéficos ou a delicadeza dos luminares.

Saturno e Marte pegam plantas com cheiros fortes e as vezes desagradáveis. Por ex., o tabaco (embora não tenha uma associação tradicional) é comumente ligado a Marte. Plantas marciais tendem a ser "quentes" como alho, cebola, pimentas - e costumam também ter espinhos (os cactus são marciais) ou folhas avermelhadas. As saturninas crescem na sombra ou em ruínas, tem crescimento lento e folhas mais escuras.

Ervas que são amargas e fortalecem a saúde ou produzem visões são solares. Já Saturno pega também as plantas amargas, mas geralmente as que são intoxicantes ou analgésicas.

As vezes, a aparência dá a informação principal. A camomila, por ex., é solar por causa da aparência da flor -  branca de centro amarelo. As nozes são Mercuriais porque parecem um cérebro...

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Iago Pereira

Imagem: Max Ernst, "Silêncio pelas eras" - 1967

Facebook: @rota32

Instagram: @rota32.astrologia

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domingo, 1 de dezembro de 2019

Bacurau é o Get Out! Brasileiro


[não contém grandes spoilers]



Ontem finalmente assisti Bacurau e posso dizer que Iago está agraciado. Um filme que em 15 minutos consegue envolver velório de avozinha querida no interior do nordeste, disco voador e psicotrópicos certamente está na pista certa. Há um ar Jodorowskiano em tudo, desde a abertura com o planeta visto de cima, desde a segunda cena - quando o caminhão de água atropela vários caixões caídos na estrada.

O filme dá uma guinada quando somos apresentados aos antagonistas, e em certa medida a cidade Bacurau sai de cena, o que me incomodou pois nesse ponto eu tinha criado a expectativa de que ia descobrir tudo sobre a cidadezinha e seu povo. Ao fim do filme a cidade segue misteriosa, o que é uma solução fácil: permite que (dentro de certos contornos) cada um projete o que quer ver.

Em contrapartida o filme se torna uma estranha sobreposição, de um lado um filme americano de armas e tiros e carro que explode, do outro a vida como a gente conhece no Brasil interiorano. Numa cena brilhante um personagem recebe o típico vilão americano com suco de caju e caldo de galinha numa mesa. Isso tudo sem degenerar em mera caricatura, pelo contrário há um carinho palpável da produção pela cidade de Bacurau e seus habitantes. A cidade realmente convence, e isso sustenta o contraste que é pilar do filme. A interpolação de gêneros coloca esse filme firmemente em uma dimensão pós-moderna, e o filme funciona como um comentário em dois planos: um no conteúdo da história, e outro na forma como é contada.

Um filme verdadeiramente tropicalista, mixando passado e futuro, urbano e interiorano, nacional e internacional. Bacurau se passa no futuro mas é sobre o passado, verdadeiramente; sobre lembrar o nosso passado e quanta força temos enterrada. Ali num simples museuzinho de cidade histórica estão sepultados rebeldes, bandidos, cangaceiros. Desprovidos dessa força, ou talvez, com essa força desprovida de foco - o mundo não se torna menos violento, mas pelo contrário: a violência continua a nos rondar de todos os lados - nos programas de polícia na TV, no fascínio do crime organizado, no culto fascista-miliciano à morte. Desprovidos de dentes e garras apenas nos tornamos presa, submissos aos caprichos de quem desaprendeu a amar.

Estamos sitiados. Estamos sendo invadidos. Eles tem o mundo nas mãos, estão aqui e não estão pois o poder é global. Nossas redes de comunicação - que de certa forma nos empoderaram - pertencem também a eles. E pode chegar o momento onde vão nos riscar do mapa. Bacurau decidiu virar o jogo - gostaria de saber se posso contar também com o resto do Brasil...

quinta-feira, 4 de julho de 2019

Rota 32 Podcast - Ep. 2, Mapa errado funciona?



Dessa vez chamei o Simão Cortês, estudante de astrologia, acadêmico extraordinaire e manjão de platonismo, pra gente conversar sobre dimensões filosóficas da astrologia.

Nosso ponto de partida foi uma provocação que ele tinha feito: que mesmo um mapa com a hora de nascimento errado pode funcionar, se o astrólogo acreditar que o mapa tá certo e seguir os procedimentos "rituais" de leitura de mapa fielmente.

A conversa se deu com Mercúrio aflito em Peixes então peço desculpas por alguns defeitos no áudio e pela minha abordagem devaneante. Por sorte o Simão é de uma lucidez incrível e conseguimos chegar em algumas idéias bem interessantes mais pro final, com dois modelos filosóficos diferentes que podem explicar porque astrologia funciona, e mais ainda, que podem ser testados na prática!

A boa ou a má notícia: são 2 horas e pouco de conversa. (Mercúrio em Peixes é famoso por não ter medida).

O áudio está disponível pra ouvir ou pra download, basta clicar aqui

Iago Pereira
(imagem: Istvan Orosz, "The Window Paradox")

quinta-feira, 27 de junho de 2019

Astrologia, Virtude e os 4 Elementos



Um astrólogo é alguém que tem aulas de virtude com os astros.

Em seguida, ele repassa essa virtude ao público: em seus escritos, falas, atitudes e consultas.

A previsão surge por efeito da virtude.

As virtudes que possibilitam a previsão são, entre outras: confiança na técnica, uma mente afiada, escuta ativa, síntese intuitiva, expressão imaginativa.

Podemos comparar essas virtudes aos quatro elementos:

segunda-feira, 14 de maio de 2018

O GRANDE APRISIONADOR (Parte III - A Dúvida do Filósofo)

(aqui tem a Parte 1 e a Parte 2)


Alexandre Cabanel, Fallen Angel (1968)


TRAGÉDIA

O PECADO DE LÚCIFER FOI SER FIEL À PRÓPRIA NATUREZA. Que mais poderia colocar como oposição à Deus senão a própria natureza, divinamente criada? Ou seja Deus criou Lúcifer para ser rebelde. Deus criou o opositor.

E então o puniu? Teria Deus repreendido o próprio ato? Não pode ter sido punição. A história da punição me parece então uma suprema blasfêmia, cogitar que Deus pode afirmar o mal, que o mal é divino. E se é divina a própria perfeição, como poderia o mal ser perfeito? Se fosse perfeito, não seria mal, e sim parte da positividade do universo. Só vislumbro uma resposta: O Deus da narrativa moral é impossível. E o mal não existe senão relativamente, como efeito de superfície.

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

A Voz da Terra I (Podcast)

Clique de Maxwell Vilela em Bento Rodrigues/MG

Está no ar o Rota32 Podcast! Começo através da série A Voz da Terra, onde irei explorar a terra de um ponto de vista ecológico, simbólico e antropológico.

Neste primeiro episódio falo sobre desastres ambientais, povos indígenas e sobre a noção de um "humano" genérico que povoa o imaginário colonialista europeu, buscando alternativas filosóficas e políticas às discussões já batidas de "comunismo x capitalismo".

Espero que gostem!

Clique aqui para ouvir ou fazer o download (86MB - duração: 46m39s)