Naga Sadhu no templo Pashupatinath, Nepal (link) |
Há uns tempos circulou entre meus amigos um texto cuja opinião geral poderia ser sumarizada em 'religião não merece meu respeito'. Concordo que muitas coisas imbecis são feitas em nome da religião, como por exemplo a opressão de mulheres, gays, etc, e repudio essas coisas tanto quanto o autor do texto. Também não acho que faz sentido depositar a autoridade sobre a verdade por sobre sacerdotes ou textos quaisquer. Porém, não é sábio 'jogar o bebê fora com a água do banho'. Infelizmente não pude responder uma replica quando li o texto pela primeira vez, tampouco encontrei-o novamente no limbo que é o facebook; porém ainda vale a pena apresentar algumas idéias que tenho sobre RELIGIÃO, com objetivo de mudar os termos da discussão, e abrir linhas de experimentação; meu objetivo é fazer uma "crítica marginal da religião" enquanto simultaneamente faço uma "crítica marginal-religiosa do materialismo".
O QUE DIABOS É RELIGIÃO?
Uma das hipóteses sobre a etimologia da palavra RELIGIÃO supõe que deriva de RE - LIGARE, significando "atar, amarrar, unir o que esteve separado". Nesse caso, RELIGIÃO e YOGA são duas coisas próximas, pois YOGA signifia UNIÃO. Religar este mundo a um "mundo invisível"; religar a alma humana a algo que a transcende e inclui; religar o mundano ao Sagrado - dá pra pegar a idéia.
Quando as pessoas tipicamente debatem "religião", usualmente estão falando de "religiões organizadas e hierárquicas", que são organizações destinadas a MEDIAR o contato entre os fiéis e o sagrado. Por via de regra, o contato direto com o sagrado só aconteceu há milhares de anos e seu único registro são livros antigos. Hoje em dia, alguns sacerdotes poderiam entrar em contato com deus pro exercício de certas funções (ex. conferir perdão); de resto, qualquer um que clamasse conhecimento direto da divindade (ao modo dos antigos textos) seria considerado louco. A Verdade está dada num livro e é imutável; não pode ser experimentada ou corroborada de forma alguma. Pede-se, portanto, dos fiéis que tenham "FÉ" - traduzindo: que sustentem a opinião de que A Verdade está dada através da Organização e seu Livro, e apenas ali, independente de qualquer objeção prática, racional ou advinda da experiência. (1)