quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Os arco-e-flecha que caíram do céu

"Darkstar Journey", Larry Carlson

Recentemente discuti com uns marxistas no website Feice, uma dupla particularmente grossa, rendendo 250 posts e além. Enquanto meus amigos me perguntavam "porque diabos você tá perdendo seu tempo?", eu assentia sem resposta. Mas meu coração disse "siga" e eu fui (1). Tudo girava ao redor da noção de "trabalho", que supunham de pertinência universal, e do valor (ou desvalor) dos pós-estruturalismos antropológicos à-la Eduardo Viveiros de Castro.

Da parte destes marxistas, "trabalho" é o esforço socialmente organizado pra atender as necessidades materiais. Seria portanto algo universal, já que todos comem, e arcos-e-flecha não caem de árvores. As conotações negativas que a palavra "trabalho" me evocam seriam referentes apenas ao trabalho alienado, nas condições do capital (e, presumo, também da servidão pré-capitalista).

Eu questionava até onde era possível dizer deste "universal" sem com isso atropelar a alteridade. O que eu dizia é que os recortes que eles traziam, ao construir esse "universal", não eram nada universais, partiam aliás de concepções bem particulares à vivência do proletariado europeu do século XIX, pressupondo um "sujeito humano" essencialmente distinto da "natureza", que usa a "cultura" para "moldar" a segunda. Ao invés de discutir nesses termos, preferi dedicar-me a esburacar essas concepções, denunciando sua particularidade, para quiçá recomeçar a conversa em outros termos.

terça-feira, 20 de maio de 2014

Daqui a Cinco Mil Anos

Fonte: desconhecida

Se tem algo que a auto-observação atenta me revelou, é que: O corpo é memória. O corpo, que digo, é um corpo monista. inclui também a mente e o cérebro.

Ainda à flor da pele moram as memórias recentes; já nos recessos mais profundos dos músculos estão travadas as memórias dolorosas da infância, de cada choro que tivemos de engolir, de cada humilhação que suportamos em vias de conservar o amor e cuidado de nossos pais. O corpo expressa a todo momento a sua história, com suas cicatrizes, movimentos e criações. O corpo já nasce sendo gravado de memória por todos os lados - pelas instituições sociais que o recebem no mundo; pelos corpos dos pais e familiares; e também pela linguagem. Nosso parto é só mais um argumento em linhas de fissura ancestrais, indivíduo x sociedade, natural x social, razão x emoção, homem x mulher, céu x terra. Cada parto humano uma síntese desse debate, e cada síntese uma solução apenas parcial pros velhos dilemas, recriando o debate a partir daquilo que se manteve ainda insolúvel.

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Que que pega aqui na área


Pawel Kuczynski

Aqui na minha área, mega-fazendeiros que vendem soja pra China tão devastando o interior, trocando matas e serras abundantes & intrincadas por centenas de km (literalmente) de megafazendas venenosas. Toda aquela diversidade retificada até restar só um deserto verde e monótono.
A diversidade cultural é devastada também; interior agro-boy "barretizado", sem livrarias mas muito sertanejo unversitário made-in-microondas. O povo em sua maioria conservador, elitista, e cada vez menos hospitaleiro. Na ausência da vegetação nativa, o clima vai esquentando por todo canto. Nos rios não dá mais pra nadar (e nada de praia nas cidadonas). "Progresso", no meu país, acaba tendo implicações verdadeiramente INFERNAIS.
Bom, em todo canto né? Cada espécie extinta é mais um passo próximo de um colapso ambiental completo. Cada buraco no ciclo da vida é mais um desbalanço se somando a outro, até que de repente a parada balança tanto que a casa cai.
A gente tem mãos fortes de robô, mas não consegue manusear a vida com suficiente delicadeza. (coloca isso na conta de 10000 anos ou mais de patriarcado).