Vênus entrou hoje em Peixes, signo de sua exaltação. Aqui ela mostra sua face mais sublime - como quando emergiu do mar, antes de se misturar com os assuntos dos mortais.
Vênus - que os gregos chamavam de Aphrodite - tem várias faces, assim como os demais Deuses. Entre outros títulos, era chamada a Cipriana pelos poetas, pois seu culto veio da Cípria; "Aphrogeneia", ou nascida da espuma; "Pandemos", a Vênus do povo, do amor terrestre; e "Urania", do amor celestial que mantém o universo integrado.
Hoje muito se fala sobre a ligação de Vênus com a estética e o amor, mas pouco é lembrado seu vínculo com a virtude e a devoção ritual. Um de seus temas é a purificação e isso vale tanto no sentido mais mundano - de quem se arruma, higieniza, penteia, perfuma - quanto no mais elevado, da pureza sacerdotal, dos ritos de limpeza e oblação.
Peixes é o signo de Júpiter, ele mesmo senhor da graça e da religião. Os filósofos ponderavam que o amor que sentimos pelas pessoas, animais e coisas - e a própria fascinação da beleza - é apenas um eco, uma vaga lembrança da integração que uma vez tivemos com a ordem celestial, antes de nossa alma se misturar com as dez mil coisas do mundo. É um amor que puxa a alma aqui para baixo, fundindo-a com a terra; mas é o amor pelas luzes do céu que pode também resgatá-la.
Vênus permanecerá em Peixes até o dia 20 de Abril de 2019.
Iago Pereira
(imagem: Adolph Hirémy-Hirschl, "O Nascimento de Vênus")
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