[Céu da semana 21 a 27 de Outubro de 2019]
A semana começa com a Lua minguante ingressando no signo de Leão. Nos dois dias e meio que ela transita ali o regente de Leão, o Sol, caminha nos graus finais de sua queda em Libra.
O Sol em queda é como um olho caído, semi-cerrado. Dificulta a percepção do real. Quando as luzes faltam, as sombras se aproveitam e tomam seu lugar. Libra é signo de Vênus: a mentira pode ser sedutora. Por outro lado, toda mentira tem um fundo de verdade, e as vezes pra vencer a ilusão o segredo é encontrar a jóia que se esconde em seu íntimo - por difícil que seja.
Quarta-feira (23) o Sol emerge de sua queda chegando a Escorpião. A tarefa do Escorpião é se livrar de toda firula, de toda superficialidade. A ele foi dado "licensa para matar", isto é, é o signo encarregado do trabalho duro, de sujar as mãos, com nervos de aço. Serão 3 planetas em Escorpião, porém Marte - seu regente - segue exilado em Libra ainda por um longo tempo. Na busca pra resolver os problemas de uma vez por todas, podemos acabar ferindo inocentes - e as vezes, nós mesmos...
Esse risco é especialmente grande enquanto a quadratura Marte-Saturno se constrói, acumulando tensão até atingir o ápice no sábado (26). Enquanto escrevo isso, o chile está em chamas por uma explosão de revolta popular. A ditadura de Pinochet, nos anos 60, esfacelou a estrutura de bem estar social, e desde então os chilenos penam horrivelmente em questões básicas como aposentadoria e saúde. Agora, o problema das explosões é que elas costumam durar pouco e não tem precisão. Não se resolvem problemas profundos assim. As vezes podem até piorar - como demonstra o próprio caso do Brasil.
Saturno poderia ensinar uma coisa ou outra a esse Marte. Nas próximas semanas, Saturno transita com Vega, a alfa da Lira, estrela de músicos e poetas. Quando você não pode vencer um inimigo mais forte, você se contém, e aguarda a maré virar. Para nesse meio tempo não esquecer sua força, sua raiva, sua coragem - você lamenta, faz canções de lamento, faz do seu lamento em arte. Não há vergonha alguma em lamentar, pois o lamento é uma forma de conservar viva uma força.
Iago Pereira
(imagem: cena de ¡Que viva México! - 1932)
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