Todo mês, o Sol e a Lua se juntam em algum signo. O ano é dividido em "meses" da Lua, a Lua faz o ano caber em um mês. Sábado agora começou o mês de Libra. Sol e Lua se juntaram no grau 5 de Libra, onde fica uma estrela chamada Zaniah. Ela representa, nos céus, uma das asas da constelação de Virgem.
Zaniah é o nome da estrela, e sem saber disso no fim de semana eu ressuscitei a palavra gringa "zany", que é um adjetivo usado pra descrever uma coisa meio maluca, surtadinha. E "zany" é uma palavra que eu gosto muito, mas tinha esquecido. Foi um reencontro fortuito quando eu descrevia a vilã do filme do Steven Universe, que tive a graça de assistir no dia da lunação. (Ainda vou escrever um bocado sobre Steven à luz da astrologia, aliás Steven é um desenho animado fenomenal, uma jóia na televisão).
Mas enfim a vilã do filme do Steven chama Spinel, e ela se movimenta como um daqueles cartuns antigos, tipo Mickey Mouse dos anos 30 - mudando de forma e crescendo e se esticando. Pois bem ela é zany, uma coisa meio coringa, inconstante, mercurial. E é fato que o astrólogo egípcio Ptolomeu descreve Zaniah como tendo a natureza similar aos planetas Mercúrio e Vênus. Aliás o nome, que me parece árabe, vem de Zaniyah - "adúltera" ou "prostituta". Que jeito estranho pra se referir a uma das asas da Virgem, instrumentos de sua ascensão. Ou talvez seja precisamente este o ponto, e o caminho da ascensão seja um caminho meio maluco, que cresce e se estica e se torna e muda de forma. E nas idas e vindas da vida, se torna necessária uma doutrina do mal necessário...
A vilã zany, Spinel, tem um coração invertido no peito: ali enxergo uma insígnia pra lunação de Libra, signo onde o Sol (coração) tem a sua queda. Libra é signo de Vênus, um planeta benéfico, mas é o signo que exalta Saturno, um maléfico. Bem, não é preciso ser poeta pra saber que o amor (Vênus) tem uma óbvia rima com a dor (Saturno), e que o coração quebrado leva tempo, a busca do amor gasta tempo, e tempo é vida, tempo de vida é o Sol.
Mas Vênus está na casa, e com ela é sempre primavera. Depois de dois meses muito difíceis perecendo à luz do Sol, os planetas todos finalmente escaparam da combustão, e podem brilhar por si mesmos de novo. Hora de colocar a cabeça pra fora, é lunação de Libra, é possível respirar! Tivemos um mês de extremo fogo (e a Amazônia literalmente queimou), e outro de extrema terra (sob a força de organização de Mercúrio): mas a fase dos extremos está passando, e a experiência dos próximos meses é mais variada.
O risco que surge agora é o da dissipação; há um limite em quantas voltas podemos dar, segundo os ditames do "mal necessário", antes de nos perder completamente. Há que se barganhar um pouco de tudo, mas com o amor, que está em tudo, não dá pra barganhar nem um pouco. Haja discernimento, e com o Sol em queda um dos olhos do mundo tem as pálpebras deitadas, hoje aliás, com a Lua em Escorpião, as duas pálpebras se viram, fazem a vista grossa em um momento bastante delicado. A balança pode estar virando e muita atenção pros próximos dias, quando Marte entra em Libra, formando uma quadratura entre os dois maléficos: a partir daí pode se tornar custoso recobrar o equilíbrio.
Iago Pereira
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