segunda-feira, 25 de novembro de 2019

Rastros [Céu da Semana - 25 de Novembro a 1º de Dezembro de 2019]



A Lua mingua em Escorpião na segunda-feira sem fazer mais nenhum aspecto. As horas fluem como vidro, paralisadas. Segunda-feira é apenas uma longa espera para terça, quando a Lua deixa Escorpião e penetra em Sagitário, encontrando-se com o Sol e dando início a um novo mês lunar.

Mas antes disso, ainda na segunda, Vênus cruza pra Capricórnio. Pros assuntos de Vênus isso caracteriza uma piora - que talvez leve alguns dias pra se mostrar por completo, já que ainda encontra Júpíter por antiscia mais uma vez na quinta de manhã. Com Vênus em Capricórnio as artes e amores ganham um impulso rumo a concretização; os grandes sonhos que entretinha em Sagitário encontram um muro intransponível. Seus amores aguentam o tempo, a repetição? Mil boas noite e mil bom dias seriam capaz de matá-los? Pois que pereçam! Pior seria fazer do amor uma luta pelo controle! Ter o outro para si como objeto; conquistar, amarrar, prender. A não ser que esse seja seu fetiche, que seja expresso e consentido!


Mas convenhamos: quem não gosta de, pelo menos aqui e a li, ser objeto de desejo? Viver o desejo no que tem de simples e objetivo? É muito grande o peso de manter trancada a besta-fera... Capricórnio tem patas de bode, rabo de peixe, e a imagem do antigo Pan: o Deus que habita lugares ermos. Sob a fachada da civilização, o coração humano é ainda um ermo... Amores brutos. Mas com o nodo sul e Saturno na casa, o perigo é se esgotar nisso, e no fim ter só a carne, carne seca e sem mistério. Do excesso sem alma nasce o desejo de renúncia; a moral e a pornografia andam de mãos dadas, portanto cuidado.

Na terça-feira ocorre a lunação e a semana realmente começa: Lua e Sol ficam conjuntos em Sagitário. É lua nova, mês novo, no signo do galope e otimismo. Que bom que a lunação nasce ainda com Júpiter em Sagitário, sustentando o poder da fé mesmo após Júpiter deixar Sagitário no começo de novembro. Em parte de dezembro teremos 5 dos 7 pĺanetas em signos dos maléficos, o que prenuncia um período emocional e espiritualmente árido. E no entanto o rastro, o traço de Júpiter em Sagitário se mantém por efeito da lunação, dando impulso pra atravessar o espinhal.

Quarta e quinta de manhã são os dias mais luminosos da semana: a Lua em Sagitário volta a ganhar luz, bem quando vai de encontro a Júpiter! Junte tudo que tem de bom e prepare pra viagem. Algumas pessoas gostam de fazer rituais na Lua nova, pra direcionar força a seus intentos. Na verdade o dia mesmo da Lua nova é ruim (tem a Lua combusta), mas logo que ela abre 12º do Sol é um momento excelente, ainda mais como nessa tarde de quarta em que vai de encontro a um benéfico domiciliado. Júpiter convida a projetar  não só o que quer de bom pra si, mas o que tem pra dar de bom ao seu entorno. Os períodos duros são bem mais fáceis de encarar quando nossa fé está intacta, fé nos céus mas também na terra. E a fé na terra é a confiança que temos uns nos outros.

A partir de quinta e até o fim da semana a Lua transita nas casas de Saturno (Capricórnio e Aquário), construindo um clima sóbrio para o final de semana. Na sexta-feira Mercúrio fecha um sextil com Saturno, aspecto que favorece a responsabilidade no pensamento e nas palavras. A Lua observa os dois e também se entrega a Saturno, abdicando de sentimentos em prol do que é duradouro. No sábado a noite chega a Aquário, onde vai quadrar Marte - pedindo cautela redobrada pra quem se aventurar pela noite, já que Marte governa as brigas e os assaltos. O domingo vê uma quadratura com Mercúrio, o que pode acarretar dificuldades de comunicação oriundas da teimosia e fechamento pra diferenças; e por um viés mais positivo, favorece quebrar a cabeça com problemas de difícil solução, daqueles que exigem concentração e paciência.

Novamente um fim de semana sem descanso, e a partir de agora é só montanha acima (ou ladeira abaixo) mas será mais suave pra quem tem olhos atentos, afinal o Sol continua brilhando em Sagitário junto ao rastro de Júpiter - lembrando o mundo que a paz é possível mesmo na guerra, mesmo nesse fim de década onde as pontes estão pegando fogo... Paz de espírito, no mínimo - mas ainda assim paz, e portanto incrivelmente preciosa...

Iago Pereira
[imagem: Jules de Balincourt, "Blind Faith And Tunnel Vision" - 2005]

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