A condição humana, por René Magritte
Nesse texto quero defender dois pontos. O primeiro é de que não podemos prescindir de erigir uma metafísica, conscientemente ou não, para poder elaborar qualquer pensamento. A segunda é de que só temos a ganhar caso a gente reconheça essa situação, e assuma o controle dela. O que está em jogo são os limites de nossa percepção do universo; algo que interessa aqueles que buscam as terras virgens que se estendem pra fora do consenso - por qualquer meio que seja: nas ciências, nas artes, na filosofia, na política, etc.
É muito comum que pessoas refiram a si mesmas como céticas, ou como científicas, e com isso pretendam o acesso exclusivo à verdade. Com grande frequência, esse ceticismo ou essa cientificidade não é caracterizado pela paciência observacional pra se chegar as conclusões: é apenas um atalho para o pensamento poder quietar-se e erigir sua casinha em algum lugar. O que quero dizer é que essas pessoas não são céticas no sentido de se colocarem a parte de suas próprias expectativas, e das dos outros, e observarem o que acontece no mundo - para aí elaborar um plano de interpretação e consequentemente de ação. Os pseudo-céticos ou pseudo-científicos defendem, de forma análoga às religiões, uma série específica de modelos ou visões de mundo como se fossem crenças - resultando em comportamentos dualista do tipo nós x eles similares a qualquer torcida de futebol.