primeira vez que posto aqui desde que o blog foi reinaugurado... e ainda por cima, nem é um texto completo, mas um pedaço de post. peço desculpas desde já aos leitores, mas a paternidade e a academia raramente deixam um tempo livre para outra coisa. assim que der, eu termino.
Introdução
Muito me surpreendeu ler no estatuto de uma associação comunitária de um bairro da cidade indígena de Iauaretê, no município de São Gabriel da Cachoeira (AM), que aquela era uma instituição sem fins lucrativos cujo objetivo era a produção de pessoas e da própria comunidade. O que mais me instigou à reflexão não foi o fato de eles se proporem a isso, mas o quanto nossa própria sociedade – cujo paradigma é a falta – deixa completamente de lado esse próprio aspecto. Quando falamos em produção, em produtividade, se imagina logo maquinarias técnicas, aço, Vale do Rio Doce. Parques não são produtivos, escolas não são produtivas (no máximo reprodutivas, e olha lá), bibliotecas e cerrados não são produtivos. Quando se fala em produção de pessoas, ou se coloca a educação como fator produtivo, é sempre enquanto produção para produção, ou pré-produção, se produzem não pessoas, mas mão de obra; não-pessoas.