quinta-feira, 17 de outubro de 2019

Ontem choveu cinzas na minha cidade [nota astrológica]



Tem sido um mês lunar difícil.

Pelo menos há uns dez dias, desde que Marte entrou em Libra e passou a quadrar Saturno. Marte na Exaltação de Saturno, Saturno na exaltação de Marte: mútua recepção. Os dois planetas maléficos trocam faíscas, se atritando e se estimulando (para o mal). A energia assim gerada precisa ser direcionada, e Saturno em seu domicílio, Capricórnio, poderia quiçá dar-lhe uso e estrutura - mas Saturno é a parte fraca da quadratura. O que acontece é que as tentativas de emenda acabam saindo piores que o soneto, e tropicamos por aí como Marte na casa de Vênus, Marte em Libra desengonçado pisando em pés e chutando as pernas das mesas.


Vênus, dona de Libra, entrou em Escorpião: temos generosidade entre Marte e Vênus, um na casa do outro, mas ambos exilados - por mais algumas semanas. A força e a delicadeza se buscam, mas não se enxergam. Ai, quantos desencontros no mundo! Ai, como esse mundo que estamos, o mundo da Lua, é perdição, é exílio, é veneno, é queda.

O Sol aliás segue no mês de sua queda, o mês que ele atravessa Libra. Mas esses dias o Sol está com Spica, uma estrela benfazeja, e amanhã a Lua vai vê-lo em seu trino final antes de arrematar essa lunação. Spica é o espigão da Virgem, estrela de Nossa Senhora. Estamos mesmo precisando do seu perdão, precisando de perdão. Às vezes, basta pedir desculpas. Às vezes não, mas um pedido sincero já vai bastante longe.

Iago Pereira
[Imagem: James Johnston, Thief in the Rose Garden]

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