quinta-feira, 28 de março de 2019

Frequências graves [nota astrológica]



Nesta quinta-feira, a Lua minguante em Capricórnio se aproxima de um sextil com Mercúrio e uma conjunção com Saturno.

Mercúrio está parado. Parado próximo ao fundo de seu buraco. Parado junto a Netuno, planeta distante descoberto em tempos modernos e que ganhou o nome do Deus dos mares. Netuno não brilha visivelmente em nosso céu, então astrologicamente, sua influência direta é miníma. Mas não deixa de ser interessante pensar que existe esse planeta, e que de sua forma obscura talvez tenha algo a comunicar.


Mercúrio que define, conta, narra - quer arrancar para o movimento direto, mas vai ter de começar lá de baixo. O primeiro traço numa folha em branco tem o desafio de transformar aquilo que é potencialmente tudo em algo de específico. E esse "potencialmente tudo" pesa, faz pressão. Concretamente. É preciso uma determinada força para vencê-lo.

A Lua coexiste com Saturno. Caminha para um cerco: após a conjunção, passa a sexta-feira sitiada entre os raios dos maléficos e próxima do Nodo Sul. Lua em Capricórnio, signo de seu exílio. Pouco pode a Lua ali, onde cede pra Saturno e transforma sonho em sono, lágrima em ressentimento, impulso em clausura. O único conforto que Saturno tem pra dar é a paciência e a abdicação. Ao fim do morro, está Marte, com quem a Lua se encontra num trino em mútua recepção. A Lua é ela mesma sensibilidade, Marte e Saturno são a audição. Neste momento de aflição é preciso preciso afinar os ouvidos pra escutar as frequências graves...

Iago Pereira
(imagem: Wifredo Lam, "At the End of the Night - Daybreak" - 1969)

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