Neste sábado à tarde começou a lunação de Touro. O Sol e a Lua, 100% escura, se juntaram dando início a outro mês lunar.
A conjunção do Sol e da Lua ocorre no grau 14º10' de Touro. No Brasil, Touro ocupa a casa 6 no momento da lunação - uma casa cadente, e portanto fraca. Sol e Lua estão também conjuntos a duas estrelas - o pé esquerdo de Andrômeda, a princesa etíope sacrificada, e outra que é o nariz de Cetus, o monstro que vem devorá-la.
A lunação nos convida a refletir sobre quais de nossos hábitos são realmente saudáveis. A Lua em Touro quer ficar ali pra sempre, e o Sol quer ali serví-la. Encontramos o conforto em um lugar cujo chão verdadeiramente falta aos pés. Atados ao rochedo, aguardamos passivos o monstro que vem nos devorar.
O único aspecto que paira sobre a lunação é o trígono de Saturno, que lhe aspecta de cima. Saturno, senhor do tempo, é o portador de uma má notícia necessária: não podemos ficar presos em prazeres vicários. A segunda face de Touro, onde ocorre a lunação, é sobre o plantio e o cuidado com a Terra. Se plantamos apenas espinhos e heras venenosas, vamos amargar a fome na hora da colheita. Se a terra é inadequada, nada vai nascer ali. Mas e se a terra um dia foi boa, e foi nossa irresponsabilidade que a ressecou? Então temos uma dívida com a terra, que precisa ser sanada. Sentar os pés e não fazer nada certamente não é uma solução. Dizer "eu não sabia, eu não fiz por mal" não adianta também.
Com muita hesitação, vamos começar por reconhecer o valor da terra. E a terra é o corpo, assim como os biomas que nos rodeiam. E a terra são nossas obrigações mundanas, nossa casa, nossa sociedade. Recuperar a terra seca é um trabalho árduo, mais ainda quando é preciso superar um longo trabalho sem recompensa e sem a garantia do sustento. Mas pelo menos o signo de Touro pode nos dar isso: paciência. Cada lunação é um vácuo que se abre na Lua escura, onde um pouco da força Solar, divina, penetra no mundo. É preciso se abrir e receber as virtudes que o céu tem a oferecer. Outra virtude de Touro: a boa vontade com a vida. Até mesmo no perrengue, há algo que pode ser construído - nem que seja apenas internamente. As estrelas de Andrômeda, a princesa sacrificada, são em sua maioria de natureza benéfica. Quando a beleza é ameaçada, uma força heróica é invocada do desconhecido protegê-la. Tantas vezes, essa força vem de dentro. Cabe a nós reconhecê-la e honrá-la.
Iago Pereira
(imagem: "Cabeça de Touro", Picasso - 1942)
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