terça-feira, 4 de fevereiro de 2020

Chuva dos Céus e Exílio [Céu da Semana - 2 a 8 de Fevereiro de 2020]



Espero que vocês tenham usado o fim de semana para descansar. A Lua esteve em Touro em contato com Vênus exaltada e eu não vivia um domingo tão domingo desde sei lá quando, o cachorro derretido no sofá e a gente realmente pastando. Coisa boa, paz da boa, bençãos do boi de roça dos céus.

Aí a segunda abriu com a entrada de Mercúrio em Peixes. Signo de seu exílio e queda, os assuntos de Mercúrio se vêem subitamente prejudicados: as conversas tendem ao prolixo, os detalhes se confundem, mas pelo menos pensa-se grande, tenta-se pensar o todo - o que exige muita humildade. Por sorte esta é uma virtude dos signos de água, ainda mais aquele signo que corresponde, no corpo humano, aos pés.


A semana começa também com Vênus rompendo as amarras de Saturno, vencendo o aspecto que a deixava "sitiada entre os raios". O planeta do amor nesse instante chega ao 27º grau do signo de Peixes, o grau máximo de sua exaltação. Vênus entronada, ela que governa a força cósmica do amor, que mantém os átomos unidos, que mantém a alma na terra, que liga a alma ao céu. Dias de sensibilidade poética, mas pode ser que isso não apareça tão claro: o auge de Vênus vem em dias de Lua aflita em Gêmeos, turbinada por oposições com maléficos e pela desorientação de seu regente, Mercúrio.

Na quarta e quinta Mercúrio transita sobre Fomalhault, a boca do Peixe, uma estrela da natureza de Mercúrio e Vênus. Fomalhault é onde verte água da urna do Aguadeiro, também conhecido por Aquário. Esse é o último destaque de Mercúrio antes de sua iminente retrogradação; mesmo exilado e em queda, a estrela lhe provê um tipo sobrenatural de dignidade. Fomalhault é uma das quatro estrelas reais - e das quatro, é a única que não provê conquistas mundanas, e sim espirituais. Dias propícios pra filósofos e místicos sairem das tocas pra trabalhar - arejar os cristais, tornar límpida a conexão para que a graça dos céus jorre abundante. E também artistas, escritores, músicos, dançarinos; é com vocês. Quarta-feira é o melhor dia - tem a Lua em Câncer indo de encontro ao trígono de Mercúrio.

Na sexta, Vênus passa de Peixes a Áries - logo quando recebe a aplicação de trígono pela Lua. Da exaltação ao exílio, é aquela parte do filme onde a carruagem vira abóbora e o conto de fadas volta a ser um sonho impossível - pelo menos por enquanto. Eis que domingo é Lua cheia, a Lua cheia em Leão encontra seu rei, o Sol, que se encontra exilado. Quatro planetas em debilidade essencial: Sol, Vênus, Mercúrio e Júpiter. Pode parecer que o mundo saiu um pouco do eixo; ou de repente, tudo tem cara de bugiganga barata, matéria de segunda mão. A Lua cheia em Leão é o olho da rainha bem aberto, que mira o rei - o Real - à distância, um olhar que cruza continentes e faz curvas, pois é assim a vontade que nos mostra o caminho de volta à fonte.

Iago Pereira
(imagem: Yoshitaka Amano)

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